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Menino de 12 anos sai para trabalhar pra ajudar a família, e acaba sendo morto por… Ver mais

Por trás de uma festa popular, uma tragédia comove e intriga o Ceará. O desaparecimento e morte de Thiago Martins, de apenas 12 anos, levanta perguntas sem resposta — e uma comunidade inteira exige justiça.

O céu de Mauriti, no interior do Ceará, estava carregado naquela noite. Não de nuvens — mas de angústia. A tradicional vaquejada da cidade, que deveria ser um momento de celebração e cultura, deu lugar ao cenário de uma tragédia que ecoa até agora pelas ruas empoeiradas do município. Thiago Martins, um menino de 12 anos, conhecido carinhosamente como “Vaqueirinho”, desapareceu em meio à movimentação do evento. Dois dias depois, o desfecho foi o pior possível: seu corpo foi encontrado em uma pedreira, sem vida.

O que aconteceu com Thiago nas últimas horas de sua vida? Quem o viu pela última vez? Por que alguém faria mal a uma criança? Essas perguntas pairam no ar como feridas abertas. O caso, que chocou moradores da região e atraiu atenção estadual, está envolto em uma sequência de fatos perturbadores e contradições que tornam tudo ainda mais misterioso.

Um desaparecimento silencioso em meio ao barulho

Era fim de tarde quando Thiago foi visto pela última vez. Segundo relatos da mãe, ele havia saído para trabalhar na vaquejada, uma prática comum, embora irregular, na realidade de muitas crianças do interior. No entanto, o Conselho Tutelar de Mauriti foi categórico ao afirmar que não há confirmação oficial de que o garoto estivesse envolvido em qualquer atividade laboral no evento. “Não sabemos se ele estava ali por lazer ou exercendo alguma atividade”, declarou o órgão.

Essa incerteza lança luz sobre uma ferida social muitas vezes ignorada: a presença de menores em ambientes impróprios, sem acompanhamento, expostos a riscos diversos. Vaquejadas, embora parte da tradição nordestina, são eventos intensos, movimentados e, muitas vezes, perigosos para crianças desacompanhadas.

O achado trágico e o laudo que levanta suspeitas

Dois dias depois do desaparecimento, veio a confirmação que ninguém queria receber. O corpo de Thiago foi localizado em uma pedreira da região. Um lugar isolado. Um cenário sombrio. A Perícia Forense do Estado do Ceará confirmou que a causa da morte foi um trauma torácico — indício suficiente para levantar suspeitas de tortura, segundo familiares.

A imagem do pequeno Vaqueirinho, sempre visto com um sorriso tímido e botas maiores que os pés, deu lugar a um símbolo de dor e injustiça. Os vizinhos, amigos e parentes ainda não conseguem aceitar. Como uma criança poderia morrer assim? Sozinha, em um local ermo, durante um evento público?

Protestos, indignação e silêncio oficial

Na sexta-feira (27), a dor se transformou em movimento. Ruas foram tomadas por protestos que pedem justiça. Cartazes com o rosto de Thiago, palavras de indignação e pedidos por respostas ecoaram pela cidade. “Queremos verdade, queremos justiça!”, gritavam os manifestantes diante da sede da delegacia local.

A Polícia Civil emitiu uma nota sucinta, informando que as investigações seguem em curso, mas não deu detalhes sobre suspeitos ou hipóteses em apuração. O silêncio oficial contrasta com a urgência que pulsa nas redes sociais e nas rodas de conversa da cidade.

O alerta das autoridades e a omissão da realidade

O Conselho Tutelar aproveitou o momento para emitir um alerta severo: crianças e adolescentes não devem, sob nenhuma circunstância, estar desacompanhados em ambientes como vaquejadas. “A proteção integral prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser respeitada. O que vimos em Mauriti é a consequência da ausência dessa proteção em um contexto extremamente vulnerável”, afirmou o órgão em nota pública.

Especialistas também alertam: o caso de Thiago não pode ser tratado como uma fatalidade isolada. Ele escancara a fragilidade das políticas públicas voltadas à infância em áreas rurais e a normalização do trabalho infantil em eventos tradicionais, muitas vezes mascarado de “ajuda” ou “participação cultural”.

E agora, quem responde por Thiago?

Enquanto os investigadores buscam pistas e a população tenta seguir em frente, uma pergunta permanece: quem vai responder pela morte de Thiago? Quem foi o último a vê-lo com vida? Que segredos se escondem nas últimas horas daquele menino que sonhava ser vaqueiro, como os ídolos que via na arena?

A cidade de Mauriti segue em luto. Mas mais do que isso — segue em alerta. O caso do Vaqueirinho pode ser o marco de uma mudança. Ou, se ignorado, mais uma estatística silenciada no sertão.

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