Tristeza e dor: Comunicamos a morte do querido Paulo Ricardo, fãs lamentam q… Ver mais

Era apenas mais uma manhã fria de inverno em Santa Catarina. Na BR-470, a movimentação era intensa, como de costume. Carretas pesadas, carros de passeio, buzinas e impaciência. Em meio ao caos do tráfego, o influenciador digital Paulo Ricardo Bruning, conhecido carinhosamente como Seco Batateiro, gravava um vídeo para suas redes sociais. Ele comentava, com seu tom irreverente, sobre um tombamento de carreta que bloqueava parcialmente a pista, gerando congestionamento. Era um trecho que ele conhecia bem — um dos muitos que cruzava em suas andanças como entusiasta da vida nas estradas.
O que ninguém poderia prever é que aquelas seriam suas últimas palavras registradas em vídeo. Poucas horas depois, no mesmo trecho da BR-470, em Apiúna (SC), Paulo perdeu o controle do carro e encontrou um destino trágico.
Uma curva, um instante, um adeus
O relógio marcava pouco depois das 10h da manhã quando a tragédia se desenrolou no km 97 da rodovia. Paulo dirigia seu BMW quando, por motivos ainda não esclarecidos, o carro saiu da pista, bateu violentamente contra um paredão e capotou. O impacto foi tão forte que o influenciador foi arremessado para fora do veículo.
Apesar da rápida chegada das equipes de socorro — Bombeiros Voluntários, SAMU, Polícia Militar e até a aeronave de resgate Arcanjo 03 — nada pôde ser feito. Paulo morreu no local, antes mesmo de receber atendimento médico.
A ironia cruel do destino
É impossível não notar a inquietante coincidência. Na mesma estrada onde alertava seus seguidores sobre os perigos da direção e os obstáculos no caminho, ele próprio foi vítima fatal de um acidente. O vídeo que postou horas antes, comentando o tombamento da carreta carregada de toras de madeira, parece agora uma premonição silenciosa — um aviso ignorado pelas engrenagens imprevisíveis do destino.
Um personagem da estrada
Natural de Jaraguá do Sul (SC), Seco Batateiro não era apenas mais um influenciador. Ele era um contador de histórias sobre rodas, alguém que transformava a rotina solitária dos caminhoneiros em conteúdo divertido, próximo e autêntico. Seus vídeos — sempre com muito bom humor — mostravam o cotidiano de quem vive nas estradas, enfrentando longas jornadas, clima imprevisível, saudades de casa e os perigos do asfalto.
Mais de 200 mil seguidores acompanhavam suas aventuras, e muitos deles o viam como um porta-voz da classe. Seu apelido curioso, seu jeito simples e sua linguagem direta conquistaram não apenas caminhoneiros, mas também um público que via em Paulo um retrato genuíno do Brasil real — aquele que se move pelos quilômetros de estrada, longe dos grandes centros urbanos.
Comoção nas redes sociais
A notícia de sua morte caiu como uma bomba nas redes sociais. Amigos, seguidores e companheiros de profissão inundaram os comentários com mensagens de luto, saudade e gratidão. “Ele fazia a gente rir mesmo nos piores dias da estrada”, escreveu um caminhoneiro. “Seco era nosso irmão de volante”, lamentou outro.
O luto foi coletivo. O silêncio que se seguiu ao acidente ecoa nas cabines dos caminhões, nos grupos de WhatsApp dos estradeiros, nos corações de quem, mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, se sentia próximo através da tela.
Um alerta que não pode ser ignorado
A tragédia de Paulo Ricardo Bruning é mais do que uma perda irreparável para familiares, fãs e amigos. É também um chamado urgente à reflexão sobre as condições das rodovias brasileiras, muitas delas precárias, mal sinalizadas, com curvas traiçoeiras e tráfego pesado. A BR-470, em especial, já coleciona um histórico de acidentes graves.
Quantas vidas ainda serão perdidas antes de mudanças estruturais acontecerem? Quantos alertas como os que Paulo fazia diariamente precisarão ser repetidos até serem ouvidos?
Uma lembrança que seguirá acelerando corações
Seco Batateiro partiu cedo, mas sua presença continua viva nos vídeos, nas risadas que provocava e nas lições que deixou. Ele mostrou que até mesmo na dureza da estrada é possível encontrar alegria, conexão e propósito.
E, talvez, entre as linhas do asfalto e os quilômetros de saudade, fique o maior legado: a urgência de cuidar mais — de si, do outro e do caminho.
