Autópsia no corpo de Juliana aumenta mistério sobre morte da brasileira, ela teria sido emp… Ver mais

Um acidente trágico. Um resgate tardio. E uma autópsia que em vez de encerrar o caso, abre ainda mais perguntas. Afinal, o que realmente aconteceu com Juliana Marins no alto do Monte Rinjani, na Indonésia?
A morte da brasileira Juliana Marins, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, parece distante de ter uma explicação definitiva. O caso, que mobilizou tanto a mídia quanto as redes sociais, ganhou um novo e controverso capítulo com a divulgação dos resultados da autópsia. O relatório médico, longe de esclarecer, trouxe à tona um conjunto de dúvidas que desafiam a lógica — e levantam suspeitas sobre a atuação das autoridades locais no socorro à vítima.
Juliana caiu de um ponto elevado da trilha do vulcão no sábado, 21 de junho. Segundo informações oficiais, o corpo só foi encontrado quatro dias depois, na quarta-feira (25), com apoio de voluntários que ajudaram no resgate. Desde então, familiares, amigos e internautas questionam a demora e a aparente ineficiência da resposta das autoridades indonésias.
Mas agora, com os dados do laudo pericial, uma nova dúvida surge: Juliana realmente morreu no sábado, como indicava a dinâmica do acidente, ou teria sobrevivido por mais tempo, agonizando em um dos pontos mais hostis da trilha?
O que disse o legista
Em entrevista à BBC Indonésia, o médico legista Ida Bagus Alit afirmou que, com base nas análises do corpo, Juliana pode ter morrido apenas na quarta-feira, entre 1h e 13h, no horário local — justamente o dia em que foi localizada. A declaração surpreendeu até os investigadores.
“O cálculo é baseado no estado de decomposição e em fatores ambientais”, explicou o médico. Segundo ele, os ferimentos graves teriam levado Juliana à morte cerca de 20 minutos após o impacto. No entanto, se o acidente foi no sábado, como pode ela ter morrido apenas na quarta-feira?
É aí que o mistério começa.
Contradições que intrigam
Se a brasileira morreu 20 minutos após os ferimentos, como afirmou o legista, o óbito teria ocorrido no mesmo dia da queda, no sábado. Mas então, por que ele estimou a morte para quarta-feira?
A explicação, segundo Alit, envolve possíveis alterações no processo natural de decomposição. O ambiente úmido da floresta, somado às condições de temperatura e à posterior transferência do corpo para um freezer durante o transporte até Bali, poderiam ter interferido nas características observadas na autópsia. Ele afirma, porém, que Juliana não morreu por hipotermia — um dado que descarta uma possível sobrevida prolongada à espera de socorro.
Essas inconsistências reforçam uma das principais críticas feitas desde o início do caso: a lentidão e falta de preparo do sistema de resgate indonésio. Muitos brasileiros se manifestaram nas redes sociais indignados com o que consideram um descaso com a vida da turista.
Socorro que não veio a tempo
A tragédia levanta uma pergunta incômoda: Juliana poderia ter sido salva, caso o resgate fosse mais ágil? A trilha do Monte Rinjani, embora muito procurada por turistas, é conhecida por ser perigosa e de difícil acesso. No entanto, a ausência de resposta imediata — e a dependência de voluntários locais para localizar o corpo — escancara a fragilidade do protocolo de emergência da região.
Relatos indicam que as buscas oficiais demoraram a ser iniciadas e, mesmo assim, enfrentaram diversos entraves. A região montanhosa e o clima adverso foram apontados como obstáculos, mas para os que acompanharam o caso de perto, fica a sensação de que houve negligência.
Um silêncio que incomoda
Até agora, as autoridades indonésias não apresentaram explicações mais detalhadas sobre a cronologia do resgate, nem comentaram diretamente as declarações do legista. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro acompanha o caso, mas não confirmou se haverá alguma medida diplomática relacionada à atuação das equipes locais.
Enquanto isso, a família de Juliana busca repatriar o corpo e entender, de fato, o que aconteceu nos últimos minutos — ou dias — de vida da jovem.
O que resta é o vazio e a dúvida
No meio da dor, o que sobra é um enigma angustiante: Juliana morreu no sábado, como era esperado, ou agonizou durante dias à espera de um socorro que nunca veio? E, pior: por que as versões divergem de forma tão drástica?
Por enquanto, o caso permanece envolto em silêncio e interrogações. Um silêncio tão denso quanto a floresta onde Juliana caiu. E uma dúvida que, talvez, jamais seja plenamente respondida.
