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Filho de 3 anos viu tudo: Morre a querida Ana Gabrielly após seu p… Ler mais

A tranquilidade da cidade de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, foi abalada por uma tragédia que deixou a população em estado de choque. No último domingo, 31 de agosto, a jovem Ana Gabrielly Rodrigues do Amaral, de apenas 20 anos, foi assassinada a tiros enquanto carregava nos braços o filho de três anos. O crime, que carrega fortes indícios de feminicídio, mobilizou as autoridades locais e trouxe à tona uma dura realidade: a violência doméstica que, muitas vezes, acontece em silêncio dentro de lares aparentemente comuns.

Segundo informações do delegado Deverly Júnior, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Colatina, o principal suspeito do assassinato é o companheiro da vítima, identificado como Romano Aparecido do Amaral. Após o crime, ele fugiu levando consigo a criança. A investigação aponta que o casal já vivia um relacionamento marcado por desentendimentos, e agora a polícia trabalha para localizar o suspeito e garantir a segurança do menino. “O caso está sendo tratado como feminicídio, e todas as equipes estão empenhadas em localizar tanto o autor quanto a criança”, afirmou o delegado.

A morte de Ana Gabrielly não é apenas um número em meio às estatísticas crescentes de feminicídios no Brasil. Ela deixa para trás familiares, amigos e uma comunidade inteira em luto. De acordo com a madrasta da jovem, Vera Lúcia da Silva, os problemas no relacionamento não eram recentes. Ela revelou que, durante a gravidez, a vítima já havia sofrido agressões físicas, mas, por depender financeiramente do companheiro, não conseguia se desvincular da relação. “Ela não trabalhava, cuidava exclusivamente do filho, que tem necessidades especiais e exigia atenção constante. Estava em uma situação de grande vulnerabilidade”, relatou.

A trajetória do casal também chama a atenção dos investigadores. Naturais de Minas Gerais, eles haviam se mudado recentemente para Colatina. Segundo familiares, a mudança teria sido motivada pelo suspeito, que quis aproximar o filho da família paterna, residente no Espírito Santo. No entanto, a jovem já planejava retornar para Minas, na tentativa de se afastar da relação conflituosa. O desejo de recomeçar foi interrompido de maneira brutal, antes que pudesse se concretizar.

A cena do crime, descrita por testemunhas, foi de desespero. Ana Gabrielly foi atingida pelos disparos sem ter qualquer chance de defesa, enquanto segurava a criança no colo. O menino, que não se feriu, foi levado às pressas pelo pai logo após os disparos. A fuga aumentou a apreensão da família, que teme pela integridade da criança. Para a Polícia Civil, cada hora é crucial, já que o suspeito pode tentar se esconder em cidades vizinhas ou até mesmo voltar para Minas Gerais. “Estamos verificando todas as rotas de fuga e possíveis apoios que ele possa ter recebido. Não descartamos a participação de terceiros”, acrescentou o delegado Deverly Júnior.

O feminicídio de Ana evidencia não apenas um drama pessoal, mas um problema estrutural que desafia as autoridades e a sociedade brasileira. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 1.600 mulheres foram assassinadas em 2023 no país, vítimas de feminicídio — crime que ocorre quando a mulher é morta em razão de sua condição de gênero. A repetição desses casos, muitas vezes precedidos por denúncias de violência doméstica, mostra o quanto é urgente fortalecer mecanismos de proteção às vítimas e garantir que não se tornem estatísticas.

O corpo de Ana Gabrielly será sepultado em sua cidade natal, em Minas Gerais, nesta terça-feira. Enquanto familiares se despedem em meio à dor e ao sentimento de impotência, a polícia intensifica as buscas por Romano Aparecido e pelo filho do casal. O crime deixa uma ferida aberta em Colatina e reacende o debate sobre a necessidade de combater a violência contra a mulher com políticas públicas efetivas, agilidade na apuração de denúncias e maior suporte às vítimas em situação de vulnerabilidade. Mais do que números, cada caso representa uma vida interrompida e uma família destruída — lembrança dolorosa de que o silêncio diante da violência pode custar muito caro.

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