Morte de médico causa grande comoção se ele iria casar com a querida M… Ver mais

Por trás de uma história de amor acelerada, um destino interrompido no asfalto. O que deveria ser o começo de uma nova vida terminou em silêncio e saudade.
Na manhã do dia 28 de maio de 2025, o céu nublado sobre o interior paulista não dava sinais de que algo incomum estava prestes a acontecer. Eram exatamente 11h08 quando o destino virou de cabeça para baixo no km 148 da rodovia SP-261. O carro conduzido pelo médico Leonardo Miranda Ramos, de 33 anos, colidiu violentamente com a traseira de um caminhão carregado de laranjas.
Em segundos, o barulho da batida ecoou entre os campos e silenciou um futuro inteiro.
Leonardo não resistiu.
No sábado, 28 de junho, completou-se um mês desde o acidente. Um mês desde que tudo mudou. Mas para Geovanna Araújo, de 28 anos, o tempo parece ter congelado naquele instante. Era para ser a última semana de solteira. Era para estarem casados. Alianças nos dedos. Lua de mel em Paraty. Mas nada disso aconteceu.
Tudo ficou pelo caminho — como os cacos de vidro espalhados no acostamento.
O detalhe que mais dilacera é tão simbólico quanto cruel: Leonardo morreu três dias antes do casamento civil. Convites já haviam sido entregues. As alianças? Gravadas com os nomes. O vestido? Pronto. O hotel na cidade litorânea? Reservado. O que sobrou foi apenas uma caixinha de veludo e um silêncio que dói mais a cada lembrança.
Mas como tudo começou?
A história de Leonardo e Geovanna parecia saída de um roteiro de filme romântico. Era março quando os olhares se cruzaram pela primeira vez numa igreja evangélica em Bauru. “Foi amor à primeira vista”, conta ela, com a voz ainda embargada pela saudade.
Depois do culto, um café. Sete dias depois, estavam dividindo o mesmo teto. No dia 30 daquele mês, veio o pedido de noivado — simples, mas cheio de convicção. Eles não queriam esperar. Não viam sentido em adiar a felicidade.
Leonardo, exausto das madrugadas longas nos plantões hospitalares, sonhava com dias mais leves. Planejava abrir uma clínica de estética. Geovanna, formada em administração e então funcionária de um banco, pediu demissão para ajudá-lo a realizar o sonho. O casal queria uma vida mais calma, longe das urgências, com tempo para amar e construir.
Nas redes sociais, a nova fase era celebrada com entusiasmo. Em uma postagem, Leonardo mostrava o logotipo da clínica, recém-criado. Em outra, o vídeo caseiro de um violão desafinado enquanto ele arranhava os versos da música “Que Amor é Esse?”, num tributo carinhoso ao relacionamento.
As imagens mais recentes mostram o casal sorrindo em um jantar italiano, na noite de terça-feira, 27 de maio — um dia antes do acidente. Na legenda: “Última semana solteiros. Que venha a vida juntos.” Na mesa, vinho tinto. Na conversa, brincadeiras sobre quem mudaria mais fraldas. Eles queriam filhos. Uma casa térrea. Um cachorro.
Na manhã seguinte, Leonardo saiu cedo. Tinha um compromisso fora da cidade. Prometeu voltar antes do entardecer. Não voltou.
Geovanna recebeu a notícia no início da tarde, por telefone. A informação era seca, oficial, fria. Houve um acidente. Ela só conseguiu perguntar: “Ele está bem?” O silêncio do outro lado foi a resposta.
Desde então, a casa planejada para dois virou abrigo para uma só. A futura clínica não saiu do papel. A aliança que deveria estar no dedo, agora repousa em um relicário, guardada como se fosse parte do coração que perdeu seu par.
Mas a história de Leonardo e Geovanna não termina em tragédia. Ao menos, é o que ela acredita. “O amor que vivemos em tão pouco tempo foi mais intenso do que muitos que duram uma vida inteira”, diz. “E eu sei que ele estaria dizendo agora: ‘Vai, amor, continua’.”
Com o olhar ainda voltado para o horizonte, Geovanna começa a pensar nos próximos passos. Ela não sabe exatamente como recomeçar. Mas sabe que quer levar adiante o sonho da clínica — o sonho que era dos dois.
E, talvez, nesse recomeço, Leonardo continue existindo. Não na presença, mas na memória. Não nos planos que ficaram pelo caminho, mas na coragem de fazer tudo valer a pena — mesmo depois do fim.
