Pai e irmã de Juliana Marins levam novo baque e sofrem com perd…Ver mais

Era para ser apenas mais um capítulo da jornada de autoconhecimento que Juliana Marins, de 26 anos, sonhava viver. Apaixonada por natureza, trilhas e culturas orientais, a jovem carioca decidiu explorar a exuberante paisagem da Indonésia. Mas o que começou como uma aventura virou um enigma sombrio — e, para sua família, um luto que não encontra paz.
Juliana morreu após sofrer uma queda durante uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, um dos destinos mais procurados por aventureiros. O que poderia parecer um trágico acidente ganhou contornos perturbadores nas semanas seguintes. O que causou a queda? Por que tantas lacunas no relato oficial? E, talvez mais revoltante: por que os familiares foram os últimos a saber dos resultados da autópsia?
Essa última pergunta marcou o novo e doloroso desdobramento do caso nesta semana. Mariana Marins, irmã de Juliana, rompeu o silêncio e revelou ao jornal O Globo como a família soube, da pior maneira possível, sobre o laudo médico da morte: não por meio de canais diplomáticos ou uma notificação formal, mas por uma coletiva de imprensa concedida por um legista indonésio.
“Foi como se não fôssemos nada”
Com a voz embargada, Mariana relatou a dor de ser informada sobre os detalhes da morte da irmã pela mídia. “O legista deu uma coletiva de imprensa antes de sequer nos procurar. Foi através da televisão e de sites que soubemos do resultado. Não houve compaixão, nem respeito. Para mim, ele só queria seus 15 minutos de fama”, desabafou.
O choque não veio apenas pela frieza do gesto, mas pelo conteúdo do laudo, que, segundo a família, contradiz informações anteriormente fornecidas e deixa dúvidas ainda mais profundas. Desde o primeiro momento, os Marins têm contestado a narrativa oficial. Eles alegam falta de clareza sobre as circunstâncias da queda e denunciam omissões por parte das autoridades locais.
A falta de um canal claro de comunicação entre o governo indonésio e o consulado brasileiro também contribuiu para o sentimento de abandono vivido pela família.
Silêncio, dúvidas e diplomacia morosa
O caso, que já havia mobilizado a atenção nas redes sociais, ganhou novo fôlego com o depoimento de Mariana. Internautas exigem respostas, e um abaixo-assinado pedindo por uma investigação independente já ultrapassou 40 mil assinaturas.
Enquanto isso, os pais de Juliana se dividem entre o Brasil e a Indonésia, enfrentando barreiras linguísticas, burocráticas e emocionais em busca de justiça.
“O que nós queremos não é apontar culpados às cegas. Queremos saber o que aconteceu de verdade com a minha irmã. Só isso. E queremos respeito. O mínimo que uma família devastada pode pedir”, afirmou Mariana.
O dia da tragédia: o que se sabe?
Segundo relatos iniciais, Juliana teria se afastado momentaneamente do grupo com o qual fazia a trilha no Monte Rinjani. Momentos depois, guias locais teriam encontrado seu corpo em uma encosta de difícil acesso. A versão oficial aponta para um acidente, mas o laudo divulgado recentemente levanta questões que a família considera “incompletas e apressadas”.
Há informações desencontradas sobre a presença de testemunhas, o tempo de resposta do resgate e até mesmo sobre os ferimentos que Juliana apresentava. Detalhes que, segundo especialistas consultados por veículos internacionais, mereciam ser investigados com mais profundidade.
Uma dor amplificada pela distância
A família Marins vive agora um luto transnacional. Entre faxes, e-mails truncados e traduções mal feitas, os parentes se veem cada vez mais frustrados com a morosidade do processo. O Itamaraty, segundo a família, tem prestado apoio, mas os entraves diplomáticos e culturais são imensos.
“O tempo aqui parece não passar, e lá parece que tudo corre rápido demais. Ninguém nos espera. Não é justo”, lamenta Mariana.
E agora, quem responde?
Enquanto a dor se transforma em indignação, cresce a pressão por um novo exame pericial, desta vez acompanhado por autoridades brasileiras ou uma equipe internacional independente. ONGs de direitos humanos na Ásia também demonstraram interesse no caso e prometeram acompanhar os próximos passos.
A morte de Juliana Marins, antes resumida a um trágico acidente em terras distantes, agora se revela como uma história que carrega todos os ingredientes de um mistério mal explicado — e de um drama humano que expõe a fragilidade de cidadãos comuns diante de sistemas legais estrangeiros, muitas vezes inacessíveis e insensíveis.
E talvez, no coração desse enigma, esteja a pergunta que ecoa mais alto: se fosse sua filha, sua irmã, sua amiga… você aceitaria tantas dúvidas como resposta?
