Tristeza é dor: Corpo da Maitê de 2 anos acaba de ser encontrado, ela era filha do Da… Ver mais

Era uma manhã como qualquer outra no interior pacato de Ituporanga, cidade cercada por verdes vales e o canto sereno dos pássaros. Mas, naquela segunda-feira, 30 de junho, o silêncio tomou outra forma — um silêncio pesado, que anunciava que algo não estava certo. Uma criança havia desaparecido.
Maitê Ferreira, com apenas 1 ano e 9 meses, sumiu sem deixar rastros. Pequena, de passos curtos e olhos cheios de curiosidade, era a alegria da casa, o raio de sol da família. Na comunidade rural de Braço Esquerdo, onde todos se conhecem e onde raramente se trancam as portas, o sumiço repentino de uma criança parecia inimaginável.
Tudo aconteceu rápido — e ao mesmo tempo, devagar. Aquela pausa breve de atenção, o momento em que os adultos dividem o olhar entre tarefas do dia a dia e a inocente presença da criança por perto, foi o suficiente. Quando perceberam que Maitê não estava mais ali, o mundo parou.
Uma corrida contra o tempo começou.
Familiares e vizinhos se espalharam pelos terrenos da propriedade. Mata, estrada de chão, galpões, cercas, cada centímetro foi vasculhado com as mãos tremendo de ansiedade e os olhos marejados de medo. Os gritos de “Maitê!” ecoavam, mas nenhum som vinha de volta.
A Polícia Militar foi acionada rapidamente e se somou aos esforços. Durante horas, homens e mulheres andaram lado a lado, cruzando pastos e abrindo trilhas improvisadas. O calor da manhã se transformou em angústia. A esperança, embora firme, já começava a dar espaço para o receio.
Até que, às 15h, veio o silêncio absoluto.
O corpo de Maitê foi encontrado em um açude próximo à residência da família. A imagem que ninguém queria ver, a notícia que todos temiam receber. A menina estava submersa, em um ponto aparentemente inofensivo da propriedade, onde a natureza mostra sua face mais cruel: a beleza que esconde o perigo.
A confirmação veio por quem menos queria acreditar: pessoas próximas, que participavam da busca. A cena se tornou um ponto de dor e reverência. A Polícia Científica foi chamada e isolou a área imediatamente. O corpo de Maitê foi recolhido para exames, mas o laudo oficial ainda não foi divulgado. O que aconteceu nas horas entre o desaparecimento e a descoberta do corpo? Por que ninguém ouviu um som, um grito? As perguntas, por enquanto, seguem sem respostas.
Um alerta que chega tarde demais
Embora o caso siga sob investigação, um fato é inegável: a tragédia expõe uma realidade muitas vezes ignorada por quem vive fora do campo. Ambientes rurais, com suas belezas naturais e vastas áreas livres, são também repletos de riscos invisíveis. Açudes, poços, córregos e declives fazem parte do cenário, e muitas vezes estão ali sem proteção, sem cercas, sem sinalização.
É um alerta amargo, mas necessário. Quantas casas, quantas famílias vivem com esses perigos à espreita? Quantas tragédias ainda serão necessárias para que medidas simples, mas vitais, sejam adotadas?
Como lidar com o luto de uma comunidade inteira?
A morte de Maitê não abalou apenas a sua família. Toda Ituporanga sentiu o impacto. Na pequena comunidade onde ela vivia, não há quem não se comova, não há quem não chore junto. A dor se espalhou como o silêncio daquela manhã — intensa, avassaladora, definitiva.
Vizinhos agora se revezam para apoiar os pais. Velas foram acesas, orações feitas, mensagens de solidariedade brotaram nas redes sociais como um clamor coletivo de impotência e carinho. E entre tantas manifestações, uma lição silenciosa ecoa: proteger a infância é mais do que amor — é responsabilidade, é prevenção.
Maitê agora faz parte de uma estatística que nunca deveria existir.
Mas ela é muito mais que isso. Era uma criança cheia de vida, de futuro, de sorrisos prontos. Sua partida deixa um buraco não só no coração da família, mas na própria consciência coletiva sobre os perigos silenciosos que rondam a primeira infância.
Em Braço Esquerdo, o sol ainda brilha sobre os campos verdes. Mas, por agora, ele parece mais opaco. O som da natureza permanece o mesmo, mas quem o ouve carrega um peso diferente. E o nome de Maitê ecoará por muito tempo, como um sussurro pedindo cuidado, atenção e mudança.
